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quarta-feira, setembro 25

Lei Maria da Penha não serviu para diminuir mortes de mulheres no país, aponta estudo do Ipea

  

Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que a Lei Maria da Penha, criada em 2006, não ajudou a reduzir número de mortes de mulheres por violência doméstica no Brasil.

Os dados divulgados em Brasília na manhã desta quarta-feira também mostraram que o Rio Grande do Sul é o quinto Estado do país com menores taxas de mulheres assassinadas do Brasil entre 2009 e 2011. Foram 4,64 homicídios por 100  mil mulheres neste período.

Os menores índices continuam sendo no Piauí, com taxa de 2,71 por 100 mil mulheres, seguido de Santa Catarina, São Paulo e Maranhão. O Estado também está abaixo da média nacional, que é de 5,82 por 100 mil mulheres.

Espírito Santo, Bahia e Alagoas foram os Estados com os maiores índices de morte por violência doméstica, representando respectivamente taxas de 11,24, 9,08 e 8,84 por 100 mil mulheres.

A pesquisa detalhou que, após a criação da Lei Maria da Penha, em 2006, houve um leve decréscimo no número nacional de mortes, passando de 5,41 por 100 mil mulheres em 2001 para 5,02 em 2006 e 4,75 em 2007, mas voltou a subir nos anos seguintes. Leila Posenato Garcia, técnica de Planejamento e Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostra que os índices aumentaram  pouco a pouco, chegando a 5,43 a cada 100 mil mulheres em 2011.

Leila acrescenta que o efeito da ampla divulgação da lei à época pode explicar a pequena redução nas taxas de mortalidade observada nos anos de 2006 e 2007. Mas a experiência demonstra que, sem esforços contínuos para mudar a cultura e a prática institucional, a maior parte das reformas legais e políticas tem pouco efeito:

— Outra hipótese que pode ser levantada para explicar o fato é que o grau de implantação das medidas previstas na Lei Maria da Penha pode ter sido insuficiente. Também podem existir falhas no processo, em diferentes instâncias e sob a responsabilidade das diversas instituições mencionadas na lei, como o Poder Judiciário, o Ministério Público, a Defensoria Pública, as Polícias Civil e Militar, a Guarda Municipal e o Corpo de Bombeiros. A qualidade do serviço oferecido às vítimas é um aspecto importante, posto que frequentemente os profissionais, incluindo aqueles envolvidos no sistema legal, compartilham os mesmos preconceitos que predominam na sociedade — disse Leila.

De acordo com o estudo, aproximadamente 40% de todos os homicídios de mulheres no mundo são cometidos por um parceiro íntimo. Em contraste, essa proporção é próxima a 6% entre os homens assassinados. Ou seja, a proporção de mulheres assassinadas por parceiro é 6,6 vezes maior do que a proporção de homens assassinados por parceira.

A estimativa é de que, de 2001 a 2011, 50 mil mulheres tenham sido assassinadas, o equivalente a 5 mil mortes por ano no Brasil. Um terço deles teve o domicílio como local de ocorrência.

As jovens foram as principais vítimas: 31% tinham de 20 a 29 anos e 23%, de 30 a 39 anos. No país, 61% dos óbitos foram de mulheres negras, as principais vítimas em todas as regiões, à exceção da Sul. Ao todo, 36% dos casos ocorreram aos finais de semana, sendo 19% aos domingos.

A pesquisa realizada com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, foi apresentada na manhã desta quarta-feira na Comissão de Seguridade Social da Câmara dos Deputados, em Brasília.





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