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sábado, abril 2

Vice-cônsul português suspeito de protagonizar desvio de dinheiro da Igreja também teria visitado Prefeituras e Universidades


Antes de se envolver em suposto desvio de R$ 2,5 milhões da Arquidiocese da Igreja Católica de Porto Alegre, o vice-cônsul de Portugal em Porto Alegre, Adelino Vera Cruz Pinto, visitou pelo menos 11 cidades gaúchas, como representante do governo lusitano, propondo a prefeituras, universidades e empresários projetos em parcerias. Adelino sugeriu convênios na área cultural, em transporte fluvial e até de monitoramento de presos, mas as propostas não teriam evoluído.

– Foi uma visita estranha. Ele não conhecia a área acadêmica das principais universidades portuguesas – lembra a reitora da Universidade Federal do Pampa, Maria Beatriz Luce.

Na Universidade Federal de Santa Maria, Adelino discutiu troca de experiências na área de engenharia florestal. A proposta não avançou. Em São Leopoldo, propôs parcerias na área de saneamento e em eventuais acordos para o polo naval na região.

– Ele ficou sabendo do um projeto nosso para um porto na cidade e nos procurou. Ficou só na visita. Percebi que a parceria não tinha muita consistência – afirma o prefeito Ary Vanazzi.

Em uma visita em abril de 2010 ao então presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Nelcir Tessaro, o vice-cônsul falou em desenvolver a silvicultura no Estado com apoio de empresários portugueses. Disse ainda que pensava em trazer voos diretos de Portugal para a Serra e o Litoral.

– Ele tinha ideias muito otimistas – recorda Tessaro.

Adelino depôs sobre o caso em ministério de Portugal

A um empresário da Serra, Adelino propôs um intercâmbio para transferência de tecnologia portuguesa para fabricação de pulseiras eletrônicas para controle de apenados. Adelino também sugeriu parcerias em Canoas, Novo Hamburgo, Viamão, Santo Antônio da Patrulha, São Luiz Gonzaga, São Marcos, Erechim, Santa Cruz do Sul e Passo Fundo.

Em todas essas visitas oficiais, Adelino estava acompanhado de Tirone Lemos Michelin, que se apresentava como diretor da empresa Consórcio Brasileiro de Consultores e foi ministro de relações exteriores do Grande Oriente (loja maçônica).

Michelin se afastou do Grande Oriente em meados de 2010. Em 21 de março, ele encaminhou um e-mail para a ONG belga que supostamente intermediaria uma doação de R$ 12 milhões para a Arquidiocese solicitando que o dinheiro fosse depositado na conta do consórcio. Procurado por ZH, Michelin disse que desconhecia o assunto e desligou o celular.

Adelino prestou ontem depoimento no Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Lisboa (Portugal), sobre o suposto desvio de dinheiro que seria usado para reforma de paróquias. O teor das declarações não foi revelado. Ontem, o ministro conselheiro da Embaixada de Portugal em Brasília, José Rui Velez Caroço, e o diplomata Vitor Sereno deixaram Porto Alegre, após dois dias de uma inspeção consular.
Fonte: Jornal Zero Hora

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